Cansei-me de ver
burilado excessivo
em vocábulos toscos e grosseiros
peculiarmente ostentados…
Cansei-me da busca
da substância da vida
dominada por
línguas de malícia, na escuridão incandescente!
Encrespa-se a estercada
vanglória do fundamento nulo
Quero peneirar
para me libertar das palhas…
Quero nadar para outras margens…
Quero ver outras paisagens…
Edite Gil
(Registado no I.G.A.C.)
Será mau prenúncio
ou lapso demencial
colocar a máscara de candura
aquando do lado errado do cano de esgoto?
A não contestação do ancestral,
essa armadilha ortodoxa
que nos incute uma inoperante oralidade
disfarçada de cacho de rosas,
numa beleza visualmente controversa
talvez louvando a demanda da ociosidade de parasita
permite ao pensamento divagar por lado nenhum
aceitando esse féretro que enclausura…
Que verme não segmentado
se permite ser ladrão de pensamento
deixando o afluir das lascívias?
Que aves acordam,
numa afoita rudimentaridade avançada
e se abandonam ao capricho da chuva?
Afinal, neste imenso pecúlio cerebral
não é só o vento que não se preocupa com a sua caligrafia.
Edite Gil
(Registado no I.G.A.C.)
Terá esta gente memória de peixe?
Reinará, a indiferença mundana acomodada?
Onde está a educação e a formação?
Assistiremos pávidos e serenos
ao apodrecimento da pureza já tão perdida?
A que móbil interior poderemos apelar,
quando, com uma precisão cirúrgica,
a amoralidade suplanta os bons costumes?
Seremos prisioneiros
dos silêncios eternos e inoportunos,
adormecendo ante o ribombar de problemas e emoções?
Rebelamo-nos demonstrando o descontentamento gélido
ou contemplamos apenas as exéquias da nossa história?
Edite Gil
(Registado no I.G.A.C.)
Aqui estou em sã demência
vislumbrando vultos iluminados pela lua
onde ao calor de uma carícia
se opõe a brisa aromatizada com odores de crisântemos
meu ser
de modernidade primitiva
elaboradamente esculpido
vislumbra com hipnotizadora nitidez
a esquálida vida
que teima em atravessar seus muros
líquido insensato carmesim me aflora o rosto
silhueta obscura de um aroma recortado na aurora
arrastando ansiedade e raiva
de nuvens sombrias
que ocultam o sol de uma manhã perfeita
há o gemido a percorrer o corpo
a percorrer a chave do cofre da mente
viro costas às recordações
a lua esconde-se detrás das nuvens
o gelo da bruma invade os ossos
a um ritmo compassado
os olhos como brasas do desespero
os lábios formando palavras
das profundezas de ruínas submissas…
Triunfa da irracionalidade!
Edite Gil
(Registado no I.G.A.C.)
por vezes buscamos em nós
respostas a questões sem nexo
numa interminável demanda
da utopia absoluta
de um ser desconexo
numa razão do músculo cardíaco
cega e inabalável
defraudamos o nosso ser
num infinito de húmidas labaredas
e num pensamento ridículo
conclui-se somente
que nos abandonámos algures no oco do universo
Edite Gil
(Registado no I.G.A.C.)
na sombra vespertina do crepúsculo
num céu riscado por nuvens preguiçosas
escuto taciturna
o som do sol nascendo e aquecendo a terra
o inaudível som das flores quando se abrem
as ervas bebendo o orvalho da noite
...
permito a carícia da chuva no rosto
encriptada em sentimentos mudos
sem ouvir mágoas
desejos
e opiniões...
Edite Gil
(Registado no I.G.A.C.)
Olhei-me com verdade e que a sinta
essa pureza inculta de meu ser
neste ser desafortunado
nesta vida mumificada
a saudade é inútil
incauta a ânsia…
Uma unha raspou o mármore
nos labirintos do pensamento
e num borrifado dengoso
afivelei o ar mais distante deste mundo.
Edite Gil
(Registado no I.G.A.C.)
Não conseguia dormir e apeteceu-me gritar.
Um grito completo do coração
Talvez afronta ao espírito,
Essa ladeira pedregosa do caminho da mente.
Insurgir-me contra a falsa luz da lua
Que se reflecte num lago inconsciente de serenas águas…
Surgiram meras palavras glaciais de sentido,
Sons inclementes de soluços exaustos,
Chuviscos desvanecidos de ecos estridentes…
Inclemente esta dor sórdida.
E num movimento animalesco
Um aperto de mandíbula
Monopolizou meu pensamento.
E neste mimosear de palavras cruas
Fiquei com um crédulo olhar intrigado de diamante multicor…
Edite Gil
(Registado no I.G.A.C.)
Já não tenho a energia de um cavalo de corrida
nem tão pouco sua ágil insensatez…
Minhas folhas têm margens farpadas.
Sigo adornada
de um véu inexpressivo no olhar.
A esse soluço exausto,
respondo com um olhar inclemente
tais duas janelas vazias para o nada na cabeça…
Edite Gil
(Registado no I.G.A.C.))
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